Aumento das Taxas Euribor: Impacto e Oportunidades
11/11/2023 | iPlace

O cenário não é de todo agradável.
Depois de vários anos a registar valores negativos, mais propriamente desde novembro de 2015, a taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos habitação, voltou a ser positiva.
Simultaneamente, no dia 6 de junho de 2022, as taxas a três e a 12 meses também acabaram por subir, registando assim novos máximos desde junho de 2020 e julho de 2014, respetivamente.
Mas engana-se se acha que isto ficou por aqui. Nos últimos dias têm-se vindo a registar novas subidas que muito certamente vão se traduzir num aumento na prestação do crédito à habitação, já nos próximos tempos. Por isso, se pretende ficar a saber como é que isto o pode afetar, atente aos seguintes conteúdos.
Mas afinal, o que é a Taxa Euribor?
A taxa Euribor é uma taxa elaborada com base na média de juros cobrada pelos bancos na Zona Euro entre si para se financiarem. As taxas Euribor são fixadas uma vez por dia, por volta das 10h, hora de Lisboa, e são publicadas as taxas para os vários prazos.
A taxa de juro variável resulta da soma de duas componentes: o indexante ou taxa de referência, variável de acordo com a instituição bancária, podendo ser a Euribor a 3, 6 meses ou 12 meses, e o spread.
O indexante mais comummente utilizado em créditos a habitação são as Euribor a 3 e 6 meses.
- O valor do indexante corresponderá à Euribor a 3 meses, que resulta da média aritmética simples das cotações diárias da Euribor a 3 meses com referência a um ano de 360 dias, do mês anterior ao período de contagem de juros, arredondada à milésima, aplicável no mês anterior à data de assinatura do contrato.
- O valor do indexante corresponderá à Euribor a 6 meses, que resulta da média aritmética simples das cotações diárias da Euribor a 6 meses com referência a um ano de 360 dias, do mês anterior ao período de contagem de juros, arredondada à milésima, aplicável no mês anterior à data de assinatura do contrato.
- O valor do indexante corresponderá à Média Mensal da Euribor a 12 meses – Média aritmética simples das cotações diárias da Euribor a 12 meses na base de 360 dias, do mês anterior ao do primeiro período de contagem de juros, ou de cada período anual de vigência, arredondada à milésima mais próxima.
O nível destas taxas de juros, é determinado pelo volume de oferta e procura, e também por alguns fatores externos, como por exemplo, o crescimento económico e o nível da inflação.
Neste caso em concreto, o aumento significativo das Euribor começou a partir do dia 4 de fevereiro do ano corrente, após ter sido admitido pelo Banco Central Europeu, um possível aumento das taxas de juro diretoras neste ano, por conta da subida da inflação na zona euro, que superou os 8% em maio.
O cenário atual em números:
Mas deixemo-nos de rodeios e vamos a números.
A taxa Euribor a 6 meses, considerada a mais utilizada pela população em Portugal nos créditos à habitação, no dia 6 de junho registou o seu primeiro valor positivo (nos últimos sete anos) e desde então que tem revelado uma trajetória ascendente:
Segundo a informação disponibilizada no site Euribor Rates, conseguimos perceber que nesta sexta feira, esta taxa subiu mais 0,074 pontos percentuais, em comparação com o valor registado no dia 6 de junho, fixando-se nos 0,083%.
A 12 meses, a taxa Euribor também subiu e acabou por se fixar nos 0,680%. Estamos a falar de um aumento de 0,159 pontos, em comparação com o valor registado no dia 6.
Quanto ao prazo de 3 meses, a taxa assinalou novamente uma trajetória ascendente e fixou-se em -0,298%, ou seja, mais 0,016 pontos do que o valor que foi registado no início da semana.
O impacto no bolso da sociedade:
É inevitável. Estamos perante um novo paradigma que há muito já se adivinhava.
Na generalidade, este aumento fará subir a prestação do empréstimo de habitação, trazendo consequências para os bolsos da sociedade. E por isso, para que tenha a noção exata do quanto isto o pode afetar, simulamos alguns cenários para consumidores com contrato de crédito à habitação, com um spread de 1% e Euribor a 6 meses, em comparação com o valor da taxa registada no dia 1 de junho:
✔️ 100 mil a 30 anos
Prestação média, no dia 1 de junho, com a Euribor a -0,034% – 320,08€
Prestação média atual, com Euribor a 0,083% – 325,47€
Aumento na Prestação Mensal – 5,39€
✔️ 200 mil a 30 anos
Prestação média, no dia 1 de junho, com a Euribor a -0,034%: 640,16€
Prestação média atual, com Euribor a 0,083%: 650,93€
Aumento na Prestação Mensal – 10,77€
✔️ 300 mil a 30 anos
Prestação média, no dia 1 de junho, com a Euribor a -0,034% – 960,24€
Prestação média atual, com Euribor a 0,083% – 976,40€
Aumento na Prestação Mensal – 16,16€
✔️ 400 mil a 30 anos
Prestação média, no dia 1 de junho, com a Euribor a -0,034% – 1.280,32€
Prestação média atual, com Euribor a 0,083% – 1.301,86€
Aumento na Prestação Mensal – 21,54€
✔️ 500 mil a 30 anos
Prestação média, no dia 1 de junho, com a Euribor a -0,034% – 1.600,40€
Prestação média atual, com Euribor a 0,083% – 1.627,33€
Aumento na Prestação Mensal – 26,93€
As taxas Euribor são o principal indexante em Portugal nos contratos bancários que financiam a compra de uma habitação, e com a subida das taxas, a prestação das casas vai acabar por aumentar.
Apesar do aumento desta prestação vir num momento particularmente difícil para as famílias portuguesas, tendo em conta o facto de terem vindo a ter mais despesas relacionadas com bens e serviço fundamentais para o dia a dia, os bancos continuam a manifestar confiança na capacidade de pagamento das mensalidades dos empréstimos, por parte da população.